03 July, 2006

Cada semana uma nova fronteira

Saí da Cidade da Guatemala depois de dois dias de descanso. Lá tentei solucionar um problema sério: a falta de pneus para minha parceira. Comprei uma bicicleta híbrida, que possui componentes que não se encontram em qualquer lugar. Os pneus têm sido uma dificuldade. Mas parece que as dificuldades aparecem para que a gente possa conhecer boas pessoas. Assim foi na Guatemala. Depois de rodar toda a capital, encontrei uma loja a Cycler World, onde a rapaziada fez de tudo para encontrar uma solução para mim.Acabei trocando o tipo de pneus, que vem dando certo até agora. São pneus para bicicleta de corrida, o que me deu mais velocidade. Eles furam com mais facilidade, mas foi a única solução, pelo menos até Costa Rica.
A Guatemala ficou para trás, mas me deixou uma ótima impressão. Longe daquele terror que os mexicanos tanto falavam. O povo é muito gentil e foram vários os exemplos desta gentileza durante minha estadia. A única coisa de negativo que tenho para falar da Guatemala é o seu sistema de transporte urbano. Consegui ter saudades dos ônibus cariocas. Os ônibus da Guatemala, e dos demais países da América Central que passei até agora são ônibus escolares americanos reutilizados.Eles reformam estes ônibus e colocam pelas ruas e rodovias, uma aventura a parte. Na Cidade da Guatemala eu os utilizei para conhecer a cidade...inesquecível.
Depois da Guatemala, cheguei a terras Salvadorenhas.Neste país eu me assustei não pelo que vi, mas pelo que escutava. Coisas do tipo: “Olha, cuidado, ano passado mataram um suíço de bicicleta." Ihhhh... Não anda a noite não, o pessoal leva até as suas roupas".
Com muito receio, entrei no país. Mas fui me acalmando a partir do momento que seguia pelas rodovias. As pessoas me acenavam constantemente e nas paradas de descanso era tratado com muito carinho. O problema no país foi encontrar um mapa. Segui o primeiro dia sem, o que é um desafio a paciência. De bicicleta temos que ter a noção onde parar para descansar e calcular onde dormir, sem isso não dá para viajar de bicicleta.
No segundo dia de El Salvador, ainda sem mapa, fui ficando ansioso à medida que me aproximava da capital. Consegui um mapa turístico num posto, mas esse não me fornecia muitos dados. A caminho da capital, ofereci-me para ajudar um rapaz a trocar os pneus de sua pick-up. Seu nome era Edwin.Durante a troca do pneu, me apresentei e perguntei sobre as coordenadas para entrar na capital. Por essas coincidências da vida ele estava indo para lá, onde morava e estudava. Dividia o apartamento com seu primo e me convidou para passar a noite lá.
Pois bem, para quem não tinha nem mapa, passei a ter um teto também. Foi uma noite bastante agradável. Experimentei da culinária local e aprendi bastante da cultura jovem do país.
O triste foi ver como nosso país era representado na TV Salvadorenha. Um grupo denominado Axé Brasil, era uma das atrações de um canal do país. Eles cantavam ora em espanhol (pior que o meu), ora em português. E as coreografias eram inacreditáveis. Uns passos de musica baiana da década de noventa eram apresentados como a última novidade. Para minha vergonha, um dos hits do grupo era Marcha Soldado... Isso mesmo a marchinha infantil dançada com passos de Boquinha na Garrafa. E para explicar que aquilo não era Brasil. Uma dificuldade.
Depois de El Salvador segui para Honduras.Este país eu não posso dizer que conheço, pois só passei pela sua parte sul, uns 150 km mais ou menos. Foi ao menos interessante, pois em menos de uma semana mudei de país por três vezes.  Cada fronteira tudo muda: o sotaque, a comida a moeda... ah a moeda, quanta confusão eu fiz nesses últimos dias. Sai da Guatemala com Quezales, em El Salvador dólares americanos, em Honduras Lempiras e agora na Nicarágua : Córdoba. Nem o melhor dos cambistas não faria confusão, eu então... nem te conto.
Bem, depois da rápida passagem em Honduras, onde agradeci ter sido rápida, pois achei o povo muito mal educado. Pela estrada quando eu passava, gritavam: "GRINGO". Mas era um grito antipático, com um pouco de raiva. Esses eu nem respondia. Foi bom ter caído fora rápido.
Agora Nicarágua.O que mais me marcou neste inicio, foi a pobreza do país. Muito triste passar por suas estradas. Um número enorme de crianças e idosos tem como atividade consertar com terra os buracos das estradas, que são muitos. Eles ficam nas estradas pedindo dinheiro para os passantes. Difícil... muito difícil. Mas por incrível que pareça, o tratamento  de muito respeito, como se tivessem orgulho de ver um estrangeiro visitando seu país. Aqui, o grito de "GRINGO" vem acompanhado de sorriso. Mas não só de tristeza vive as estradas da Nicarágua. Aqui você morre de rir com o abuso das vacas e bois.Elas invadem a pista e param o trânsito por vários minutos. O  melhor é que o povo respeita. Com certeza as vacas indianas ficariam com inveja das nicaraguenses.
Bem, amanhã parto para a capital do país.Até Manágua.

Abraçõs,
Romulo Magalhães

9 Comments:

Blogger Casa das Rosas said...

Estava preocupado com esses paises da America Central. O que se houve falar é sempre de violência. Que bom que está saindo tudo bem... Breve estará na America do Sul. Que Deus lhe ilumine e te guarde sempre. Abraços amigo.
Arthur Camargo

6:30 AM  
Anonymous Anonymous said...

sobre a foto de bem vindo a nicaragua

1- cometario: olha soh, a nicaragua tb tem pedicabs (a diferenca eh que o acento de passageiros eh na frente)...e são muitos...

2- pergunta: qq tah fazendo aquela bandeira de japao na placa de bem vindos a nicaragua???

7:49 PM  
Anonymous Anonymous said...

meu, desculpa a correria, depois eu volto pra comentar mais. por enquanto, show a sua visita lá no site.

5:58 AM  
Anonymous Anonymous said...

Amigo Rômulo,
Soube há poucos dias de sua aventura fantástica.
Agora vou acompanhar pedalada por pedalada.
Beijos dessa sua companheira de IFCS e amiga que te gosta muito
Mariana

9:18 PM  
Anonymous Anonymous said...

Grande Rômulo!
É uma grande aventura. Deus te acompanhe, te guarde e te guie em todos os caminhos.

10:06 AM  
Anonymous Anonymous said...

Rômulo!
Que incrível essa aventura!!! Estou acompanhando e divulgando pros amigos. Com certeza vai sair um livro extraordinário dessa experiência! Muita sorte e que Deus te acompanhe por esses caminhos latino-americanos!
Beijos
Paula (amiga da Cíntia)

2:46 PM  
Anonymous Anonymous said...

Iae romulo
acordei hoje as 2 da tarde e entes de me levantar bateu o pensamento "CARALHO, o romulo AINDA ta pedalando, pedalando desde antes de eu ser pedicab, pedalando desde dezembro" uahuahuhauhauha. Mijei e voltei a dormir. Boa sorte ai cara, q vc tem um longo caminho pela frente ainda.

7:38 PM  
Anonymous Anonymous said...

Fala Rômulo!
Tô aqui acompanhando sua aventura! Que Deus ilumine seu caminho, para que tudo continue dando certo! Muita força! Estamos com você!
Grande beijo!

4:15 PM  
Anonymous Anonymous said...

Rômulo, eu entrei no seu blog pq o Renato da World Study me mandou o link e eu estou amando o seu diário! Não deixe de escrever que estamos todos com vc!
O mais engraçado disso é que sem querer acabei de ver que você conhece uma amiga minha, a Laurinha!
Bjocas

3:41 PM  

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