03 September, 2006

Equador - Peru

Mudanças radicais em 5 dias.
Bem, depois de Riobamba fui de trem até Allausi. Foi uma escolha importante, pois o clima da cidade estava muito ruim. As cinzas do vulcão estavam bastante fortes. O trem foi uma aventura a parte. Esta é uma das ultimas rotas ferroviárias que ainda existem no Equador e tem a finalidade exclusivamente turística. A vigem, para se ter uma ideia, é realizada com os passageiros sentados sobre o vagão.




 Bastante desconfortável, mas com paisagens que fazem você esquecer qualquer coisa. A viagem me adiantou uns 105 km e me reafirmou uma coisa importantíssima: Como é bom ser latino americano! Digo isso, porque na viagem tive a companhia de grupos de alemães e franceses. Incrível. Que silencio, que distância, que coisa chata... Uma viagem como essa cheia de brasileiros seria uma festa só. Mas meus amigos europeus pareciam estar num vagão fúnebre. Sozinho no meio daquele silencio, o jeito foi seguir calado e tirando fotos.



Cheguei na pequena Alausi, onde passei a noite. De Alausi, segui os conselhos do meu amigo Hugo e busquei uma rota alternativa recém asfaltada que me levaria dos Andes até a Costa. Foi um dos dias de pedalada mais mágicos até agora. A rota fazia parte de uma antiga rota inca. Pedalei umas 5 horas praticamente sozinho no meio dos Andes. Simplesmente fantástico. Depois de algumas subidas iniciei uma descida forte até La Troncal. 35 km descendo e passando por pequenos povoados onde eu e minha parceira pareciam assustar as pessoas. Senti que poucas pessoas passavam ali viajando, e menos pessoas de bicicleta. As crianças me olhavam e pareciam não entender o que eu e aquela bicicleta, cheia de mochilas, estávamos fazendo ali. Foi até engraçado.
De La Troncal começou uma rodovia toda plana ate a fronteira com Peru. Pedalei uns 250 km no plano, o que fez os dias renderem bastante.
A mudança foi radical, depois de passar dias pedalando nos Andes, agora eu estava numa costa quente e úmida. Pela rodovia eu tinha ao meu lado plantações de cana e cacau. Eram intermináveis, de perder de vista. O melhor de pedalar ali, foi que a maioria dos trabalhadores do campo usavam bicicleta para se locomover. Ganhei companhia por alguns km. Uns passavam por mim mais rápido e rindo, como se quisessem dizer: Oh...gringo lento....! Eu por vezes tentei acompanhar, mas tenho que admitir que comi poeira a maioria das vezes.



Foi assim, até a fronteira. Passei por Naranjal, Machala e Huaquillas.
Chegou minha décima fronteira. Estava feliz? Não, acho que mais do que isso. Fiquei minutos parado e olhando para o placa que dava boas vindas ao Peru. Beijei a parceira (minha bike) e segui para Tumbes.
Tumbes foi uma boa porta de entrada. Cidade de povo simpático e ruas coloridas. Acho que deveriam fazer uma lei para que só vivessem nas fronteiras pessoas simpáticas e sorridentes, pois isso faz o visitante criar uma imagem positiva do país. Eu, em minutos já adorava o Peru.


O interessante foi que a mudança de fronteira, também garantiu a mudança de clima e vegetação. O clima ficou mais seco e iniciou o deserto que me acompanhará até Lima.
Já escrevo em Trujillo. Como aconteceu muita coisa de Tumbes até aqui,  escrevo em outra oportunidade sobre essa parte, assim como mando fotos.


Que os ventos do deserto me levem para Lima.


Abraços,
Romulo Magalhães

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Força Rômulo... agora falta pouco!

Deus o abençoe!

6:56 PM  
Anonymous Anonymous said...

cara... estou maravilhado com a tua coragem e determinação!!!! Força, sempre!!!!!

12:55 PM  

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